Há 75 anos o maior conflito militar de todos os tempos, a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), chegava ao fim. O Brasil participou diretamente das batalhas com a atuação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. O caiçarense José Alípio de Carvalho (1920-1995) fez parte desse momento histórico participando da principal campanha brasileira a tomada da região de Monte Castelo, onde sagrou-se como herói de guerra.
O Brasil ingressou no conflito em 1942 aderindo aos países Aliados, em especial aos Estados Unidos, para o enfrentamento dos chamados países do Eixo, liderados pela Alemanha, de Adolf Hitler. A Itália era governada por um aliado de Hitler, Mussolini. Após ter cedido bases aéreas, com destaque para a base de Parnamirim (RN), o Brasil enviou as primeiras tropas para combate em julho de 1944. O então 2º Tenente Alípio pertencia ao 1º Regimento de Infantaria do Rio de Janeiro.
O ato heroico do caiçarense se deu na tentativa de tomada de Monte Castelo em 29/11/1944. Sob forte inverno nos Montes Apeninos, Alípio comandou o avanço do seu pelotão sob um “ninho de metralhadoras” alemães, conquistando assim um ponto de resistência inimiga e fazendo prisioneiros de guerra. Após essa ação, foi atingido na perna por uma granada e, mesmo ferido, seguiu comandando o pelotão até a ordem do capitão para recuarem pois, mesmo eles tendo sucesso naquele ponto, a FEB já contava com muitas 145 baixas naquela tentativa. A conquista de Monte Castelo só se deu em fevereiro de 1945.
Pelos seus feitos, Alípio recebeu importantes medalhas como a “Cruz de Combate de 1ª Classe”, “Medalha Sangue do Brasil” e a “Silver Star” concedida a pelas Forças Armadas Americanas por extraordinário heroísmo, apenas cerca de dez brasileiros a conquistaram. Por sua militância contra as guerras, foi agraciado também com a “Medalha do Pacificador”.
Após a participação na guerra, Alípio seguiu com sua carreira militar chegando a Coronel. Estabelece-se no estado do Amazonas onde, entre outros cargos, foi Comandante do Grupamento de Elementos da Fronteira durante a Ditadura Militar, Comandante do 27º Batalhão de Caçadores, Diretor da Caixa Econômica Federal e Coordenador da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). Alípio foi responsável pela prisão do então governador do Amazonas Plínio Coelho, fato que repercutiu nacionalmente. O coronel recepcionou em Manaus os presidentes Castelo Branco, Costa e Silva, e Emílio Médici.
Alípio faleceu em julho de 1995 vítima de insuficiência respiratória. A família está preparando um livro com suas memórias.
O pesquisador Jocelino Tomaz, presidente do Grupo Atitude, que há 15 anos promove voluntariamente a leitura e a cultura em Caiçara e região, esteve em Manaus em 2012 a convite da cantora caiçarense Fátima Marques, que tem carreira consolidada na região norte e países fronteiriços. Jocelino, que planeja escrever um livro sobre os filhos ilustres da sua cidade, buscou contatos e chegou até familiares do coronel Alípio, tendo acesso ao registro de suas memórias, acervo fotográfico, medalhas, etc. além de entrevistar a viúva do mesmo, Sra. Clio Baraúna.
Blog do João Moura com Assessoria
Fotos: Assessoria