
O Supremo Tribunal do Paquistão rejeitou, nesta terça-feira (29), um recurso contra a absolvição de Asia Bibi, que chegou a ser condenada à morte por blasfemar contra o Islã.
“Este recurso foi rejeitado”, declarou o juiz Asif Saeed Khosa ao final da audiência.
A pena de morte foi imposta a Asia Bibi em 2010. Em 31 de outubro de 2018, esta mesma corte, máxima instância judicial paquistanesa, absolveu a cristã.
Por causa do recurso apresentado, sua libertação, que parecia iminente, estava incerta. A decisão desta terça abre caminho para que a cristã possa deixar o país, após anos de batalha judicial.
A absolvição da cristã provocou manifestações multitudinárias de islamistas que pediam sua condenação à forca.
Batalha judicial
Asia Bibi, mãe de cinco filhos, foi denunciada em 2009 por vizinhas que disseram ela insultou o islã durante uma discussão em Punjab e foi condenada à morte em 2010 por blasfêmia. Ela passou oito anos em isolamento.

A cristã perdeu om recurso apresentado à Suprema Corte de Lahore, capital de Punjab, em 2014. No ano seguinte, o Supremo paralisou a execução após concordar em estudar sua apelação, mas a primeira audiência, prevista para 2016, foi adiada após desafio de um dos juízes.
A Suprema Corte do Paquistão estudou o recurso da sentença de morte de Asia em 8 de outubro e reservou o veredicto, observando que havia contradições nas declarações das testemunhas. No dia 31 decidiu pela absolvição.
Família quer asilo
A blasfêmia é um tema delicado no Paquistão, e o caso de Asia é tão extremo que sua família considera inconcebível que ela permaneça no país se for libertada.
Depois da absolvição de Asia Bibi, seu advogado abandonou o Paquistão alegando temer por sua vida.
Seu marido, Ashiq Masih, gravou um vídeo pedindo asilo para sua família para Donald Trump, Theresa May e Justin Trudeau. Masih também pediu asilo para Joseph Nadeem, que abrigou sua família após a sentença de morte por blasfêmia de sua esposa em 2010.
Mortes
O caso de Asia Bibi provocou indignação internacional e levou a pelo menos dois assassinatos, segundo a agência Efe.
Um dos assassinatos foi do ex-governador de Punjab, Salman Tasir, que aconteceu em 2011. Depois de defender publicamente Asia Bibi, ele foi morto por um de seus guarda-costas, Mumtaz Qadri. O guarda-costas foi executado em 2016 e enterrado depois como um herói.
Fonte: G1