Estudantes e entidades estudantis protestam nesta segunda-feira (10) em frente à reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, pelo reajuste de bolsas de iniciação científica e extensão pagas pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq). Segundo os estudantes, já são dois meses sem o reajuste, montando um retroativo devido de R$ 600 por aluno.
Os estudantes convocaram o protesto durante uma reunião do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE). Na ocasião, alegam que os conselheiros eleitos pelo Conselho Universitário (Consuni) foram barrados por seguranças, apesar de eventualmente terem participado da reunião.
Os estudantes também alegam falta de transparência sobre questões orçamentárias e estudantes contemplados com bolsas PIBIC.
Depois de 10 anos de congelamento, o reajuste nas bolsas de pós-graduação foi anunciado em fevereiro pelo Governo Federal e na graduação no ensino superior, as bolsas de iniciação científica tiveram um acréscimo de 75%, passando de R$ 400 para R$ 700.
A UFPB, por meio de nota, informou ao g1 que aguarda o repasse de recursos suplementares pelo Governo Federal para fazer frente às despesas não previstas com o pagamento de reajuste de bolsas.
Sobre o reajuste, o reitor da universidade, Valdiney Gouveia, disse que “de momento, não tem como fazê-lo”.
Desde a divulgação da medida o reitor afirmou que os valores não seriam pagos de forma imediata, alegando não possuir previsão orçamentária para elevar as bolsas dos estudantes.
O g1 procurou o Ministério da Educação para saber sobre o repasse, mas até a última atualização deste matéria, não obteve retorno.
Transparência
Na reunião desta segunda-feira, a pró-reitoria informou que são 590 bolsas PIBIC – UFPB. Na planilha exposta no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGGA), página da universidade pública, afirma que são 672 bolsistas PIBIC – UFPB.
Já de acordo com dados divulgados em site da própria instituição, no exercício de 2022 e 2023 a UFPB conta com 639 bolsistas PIBIC e PIBTI pagos com recursos da universidade. Com este número de bolsas reajustadas para R$ 700, significa que a UFPB deveria dispor de pelo menos R$ 447.300 mil para o pagamento desses estudantes.
No entanto, a própria universidade afirma que o aumento representa um impacto de 7,2 milhões de reais de seus recursos discricionários (recebidos do Governo Federal).
O g1 também pediu à UFPB dados sobre os tipos de bolsas pagas diretamente pela Instituição; qual a verba disponível; qual são os valores de cada bolsa; quantos alunos estão nos programas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) e Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) – pagas pela Propesq. Até a última atualização desta matéria, o g1 também não obteve retorno.
Desvalorização e desinteresse
Conforme uma estudante bolsista de psicologia que preferiu não ser identificada, a bolsa PIBIC sem o reajuste é de R$ 400, mas exige 20 horas de dedicação semanais e um grau de excelência dos alunos, como um Coeficiente de Rendimento Acadêmico (CRA) alto e boa presença.
Além disso, é necessária a participação em eventos acadêmicos, além de publicação de artigo em revistas ou periódicos, que quase sempre são pagos. “Agora, por exemplo, eu devo participar de um congresso de educação que só a inscrição dele é 160 reais”, exemplifica.
A bolsista reitera que as bolsas são um investimento que fornece retorno e credibilidade à UFPB, entretanto se queixa que a remuneração estudantil é tida como se fosse um mero adereço e reitera que estudantes também precisam pagar contas.
“Em muitas áreas é preferível você servir a iniciativa privada do que fazer pesquisa. É quase como se a UFPB sempre voltasse a reafirmar quais classes podem e quais não podem se dedicar a ciência e carreira acadêmica”, disse a estudante.
A gestão de Valdiney Correia passa por polêmicas desde sua nomeação. Somente em 2023, o reitor suspendeu as atividades do restaurante universitário após ato contra alto valor das refeições e foi impedido pela Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) de cursar o curso de engenharia de produção por usar, de maneira indevida, o sistema de cotas sociais.
Fonte: G1 PB
Foto: Divulgação/UJC Paraíba