Diversos estudos buscaram de maneira independente traçar um mapeamento epidemiológico da Covid-19; a primeira pesquisa nacional sobre a doença indicou que o número de infectados pelo novo coronavírus deve ser cerca de sete vezes aquele registrado nas estatísticas oficiais.
Em 90 cidades, 760 mil pessoas foram contaminadas, cerca de 1,4% da população desses municípios. A taxa variou de 2% até 24,8%, a maior taxa, verificada em Breves, município com 103 mil habitantes, no Pará. Em São Paulo, ficou em 3,1%.
A pesquisa verificou pessoas que tinham anticorpos para a doença –ou seja, a pessoa pode ter sido infectada e não ter tido sintomas–, enquanto as estatísticas oficiais contam casos confirmados, pessoas com sintomas que foram testadas.
Essa proporção relativamente baixa de infectados indica que estamos longe da imunidade de rebanho.
O estudo investigou também o grau de adesão ao isolamento social. Em SP, a taxa foi de 63%. A menor adesão foi em estados como MA e AL, com cerca de 47%.
Segundo Luiz Francisco Cardoso, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês e coordenador do comitê de crise do coronavírus no hospital, as medidas de isolamento ajudaram a desacelerar o crescimento de casos, mas os resultados só se observam duas semanas depois, por isso é impossível fazer uma previsão do pico da doença agora.
A Covid-19 traz um desafio adicional na comparação com outras epidemias –as internações costumam ser longas, o que acaba aumentando a taxa de ocupação dos hospitais. “Se há mais casos novos do que pacientes que recebem alta, isso vai refletir em internação em enfermaria, UTIs e óbitos. São indicadores importantes que precisamos acompanhar no contexto da curva epidemiológica para evitar problemas similares no futuro”, completa.
Fonte: Folha de São Paulo